Cruzaram-se a primeira vez num dia de fim de Outubro, daqueles solarengos, de Verão tardio, num evento profissional. Ele ia facilitar mais uma sessão para profissionais de entidades parceiras, a última, que já nem seria suposto ser ele a realizar.
Ela era uma das participantes.
No final do dia, algo nela tinha despertado. Três dias depois, pela primeira vez, ele deu viva voz aos seus murmúrios internos, questionando verdadeiramente a sua situação.
Voltariam a cruzar-se em Dezembro, num outro evento, sem que houvesse um momento para se falarem. E novamente em Março do ano seguinte.
Nesse dia, ela foi cumprimentá-lo, mas ele [ocupado] não teve oportunidade de lhe prestar a devida atenção.
Esquece. Achas que um homem como ele vai reparar em ti?, pensou ela.
Quando ele, finalmente desocupado, a procurou, já ela tinha saído.
Bolas, devias ter-lhe pedido para esperar… Bem, é porque não tem que ser…, pensou ele.
No penúltimo dia de Maio, ele estava na apresentação de um novo projecto em que ia participar. Ao ranger da porta do auditório, instintivamente virou-se para trás… e todo ele sorriu num nervoso miudinho quando a viu entrar. Ela, ao vê- o, sentou-se de imediato no primeiro lugar disponível ao pé da porta.
Sem o saberem, iam ser colegas ao longo dos próximos meses…
” O Luís de Sousa Caetano é um autor surpreendente, escreve bem, é criativo, fez deste livro um objecto sedutor, diferente, entusiasmante!”
Branca Vilallonga